O preço da consciência espiritual

Posted by:

|

On:

|

A vida nos cobra posicionamento quando temos condição de julgar as situações da vida com um olhar mais experiente e amoroso. Isto é, cabe a nós manter o direcionamento moral sobre a nossa vida e as nossas ações. Afinal, se agimos como adultos temos a responsabilidade sobre essa perspectiva, sabendo que a cada passo impactamos muitas e muitas vidas.

Aqui, vamos falar sobre a consciência espiritual, um conjunto de conhecimentos e percepções que nos eleva a uma vida repleta de sentido e desafios.

No tempo da brincadeira…

Quando crianças, muitos tiveram experiências espirituais derivadas do que os pais trouxeram para o seio familiar. No meu caso, uma história repleta de idas à missa, envolta com o cerimonial da igreja e com uma forte certeza de que o amor incondicional estava ligado com o ato de aplacar a fome de quem era necessitado. Na época eu não entendia que a fome de amor pode ser quase tão dolorosa quanto à fome física.

Conforme temos experiências, sentimos que podemos acolher com sorrisos e ouvidos, sendo apenas um instrumento de apoio emocional ou alguém que vai rezar um terço na casa da pessoa para trazer de volta o equilíbrio perdido.

E o tempo vai passando e com ele a nossa própria vida. Nesse ponto, temos a primeira bifurcação: a escolha de quem somos nós no caminho espiritual.

Espiritualidade no dia a dia

Tem uma fase que a vida é apenas estudo e trabalho. Poucos conseguem manter uma rotina firme de desenvolvimento espiritual porque, nessa fase, temos coisas a conquistar. Então as orações são para nós mesmos e nossas famílias. Consistem muito mais de pedidos do que de agradecimentos. Mesmo para aqueles que seguem uma religião de forma consistente, tem uma energia muito forte atuando: a energia da sobrevivência. Ela clama por nossa atenção, e passamos a atuar em nossa vida como seres egoístas (será mesmo?) com preocupações mundanas… Porém, qual é o problema em querermos dar conta de nossas necessidades básicas? Nenhum problema. Só que essa fase precisa passar pois somos chamados “a ser semente” e compartilhar a espiritualidade intrínseca em nós para o entorno.

Dando lugar a preocupação com o pão espiritual, vemos o nosso crescimento. Conhecimento e consciência que, independente de religião, começa a criar uma vontade de ver o mundo se desenvolvendo além do cotidiano. É uma luz que vem no nosso coração e tem a audácia de nos perguntar: “E se todos fossem melhores, mais bondosos e caridosos?”. É algo que assusta, pois estávamos acostumados a olhar só para o nosso umbigo. E vemos que todos os livros que lemos, os evangelhos que ouvimos, as bênçãos que recebemos só tem sentido se forem para todos.

Você pode pensar que existem pessoas que não passam por essas preocupações. Realmente. Como eu disse antes, tem uma bifurcação. Ao escolher o caminho oposto, nossa vida pode até ser espiritualizada, porém fica restrita a um pequeno círculo. Não há culpa nisso, há despertar ou não.

Caminho coletivo e nossa responsabilidade

Aqui, a escolha toma forma e quem quer realmente partilhar o amor se torna instrumento de ação. Não precisam ser ações elegante, e podem sim estar inclusas em cada aspecto diário. Por exemplo, a secretária executiva de uma empresa que tem um olhar amoroso para uma colega que está passando por problemas de saúde. Um gari que divide sua hora de almoço conversando com o colega que perdeu a fé.

São tantas as possibilidades!

O mais importante é o que queremos expressar ao outro. Não é apenas ajudar, ouvir ou apoiar. De certo modo, é mostrar o mundo novo da espiritualidade. É dar a entender que há uma energia ao nosso redor capaz de auxiliar e dar sustentação para nossa vida.

Mas, de novo, isso não é suficiente. Porque aqui eu trago a necessidade que temos de fazer isso com honra e responsabilidade. O simples fato de dizer para alguém que Deus o ama não é suficiente! Não passa nem perto! Porque a dor daquela pessoa não precisa de algo imaterial, mas sim de uma atitude que balance sua alma. E é aí que entra a ação de quem tem realmente consciência espiritual.

O despertar consciente

Quem compreende a espiritualidade sabe que atuar de forma efetiva na fé, no desenvolvimento do ser, no caminho para o ser cósmico efetivo necessita de ações fortes.

Uma ação forte que podemos ofertar a alguém é algo como tomar a mão daquele que necessita e conduzir, com firmeza e amor, para caminhos mais suaves;

É olhar no fundo dos olhos enquanto diz que não sabe o que o outro está passando, mas que está ali do lado;

É ofertar uma sesta básica e desejar do fundo do coração que aquela família tenha a fome saciada, indicando como eles podem obter seu próprio sustento em breve, porque isso é dar dignidade e amor;

É ouvir um lamento e compreender que a pessoa não tem outras palavras, então você deve fornecer novo vocabulário, um que tenha palavras de força e positividade;

É calar e simplesmente tomar seu irmão em um abraço que consola e ao mesmo tempo que dá energia para um novo respiro.

Entre tantas outras ações, o que quero colocar aqui é a nossa intenção. É nossa obrigação, enquanto seres conscientes do poder da espiritualidade, doar nosso amor de forma adequada, cientes de que o caminho espiritual é para todos. O que muda é como a nossa mensagem é absorvida ou não. Mas isso não é digno do nosso julgamento.

Por Dímitra Alectoridis

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *